terça-feira, abril 29, 2014

[Música] Eu quero é Rock and Roll!

"Ooo lepo lepo!"
Ai que delícia viver no Brasil, não é?! Só que ao contrário.
Olá crianças! Meu nome é Flávia e estou debutando como colunista aqui do blog! Estou muito feliz por essa oportunidade e espero sinceramente que vocês gostem! Se não gostarem também, vão tudo tomar... sei lá... um suco. Bom, só pra vocês me conhecerem um pouquinho, eu sou realmente apaixonada por Música e tudo que a ela estiver relacionado... e não, eu não toco nenhum instrumento... é, é frustrante. Voltando... reparem que escrevi Música com "M", grande, maiúsculo, com a intenção de deixar claro que estou falando de música de verdade... falando de um outro jeito... se você se interessou pelo post por causa do "Ooo lepo lepo!" no começo, acho que esta não é exatamente a sua coluna (Aaaaaaa! Morte ao "lepo lepo" ††††††). Mas se o seu negócio gira em torno de Iron Maiden, Metallica, Judas Priest, Slayer, Whitesnake, Pink Floyd, Megadeth, Jethro Tull e sei lá mais o quê... senta aí, relaxa e viaja aí comigo...!!



Para começar já chutando o pau da barraca vamos falar de história... "ai, que chato"... não, não é chato! Não quando o alvo do negócio é a Invasão Inglesa!
Sempre que se fala de Invasão Inglesa (um movimento bem conhecido dos anos 1960, quando muitas bandas inglesas faziam enorme sucesso pelo mundo) a primeira coisa que vem na cabeça é... Beatles. Claro, claro, pioneiros e todo o resto. Isso qualquer um sabe! Tudo bem, não se sinta mal se você não sabia... Mas eles mergulharam fundo, até os limites da criatividade, reescrevendo as fronteiras do rock e lançando importantes inovações musicais - como a substituição do single pelo álbum, por exemplo -, o que triplicou as vendas da indústria musical entre os anos de 1960 e 1970. Integrantes de uma banda passaram de meros intérpretes e compositores ocasionais a verdeiros homens de negócio. Sim, sim... foram, com certeza, a força musical mais poderosa da história (e não, o One Direction não é e nunca será maior do que eles, acreditem!). Mas Invasão Inglesa não se resume ao FabFour...

Vejamos o que um especialista tem a dizer:

"Tendo ficado à sombra de outros grupos da Invasão Inglesa em meados dos anos 1960, o Who começou a obter o reconhecimento que merecia na época de Woodstock. Musicalmente, e no seu estilo de se apresentar ao vivo, eles foram os pioneiros do Hard Rock. Devido a sua capacidade musical, talento e inclinações sociais, eles redefiniram os papéis e funções dos instrumentais, criando um rock mais ousado e sofisticado. A bateria se transformou em algo mais que um marcador de tempos, o baixo, mais que uma base rítmica e harmônica, e a guitarra se transformou tanto em solo quanto em rítmica." (Friedlander, 2013, p. 190)

Nossa... informação pra caramba nesse pequeno parágrafo. Vamos lá.
Começando com uma pincelada sobre os primórdios: Roger Daltrey (vocais), Pete Townshend (guitarra) e John Entwistle (baixo), depois de participarem de diversas bandas de rock e jazz sem importância por aí, acabaram juntos na chamada Detours. Na época, Roger tocava guitarra solo e Pete a base, enquanto uma série de vocalistas e bateristas iam e vinham. A história musical dos membros da banda fez com que o Who fosse, inicialmente, o grupo da Invasão Inglesa musicalmente mais competente. John, por exemplo, aprendeu piano e trompete, e até tocou em uma orquestra e estudou jazz na adolescência; Roger, além da guitarra, também tocava trombone antes de se tornar vocalista; já Pete tocava banjo em bandas de jazz - acabou optando pela guitarra mais tarde como forma de desviar a atenção do público de seu nariz anormalmente grande (sim, isso é verdade). E claro, Keith Moon (baterista), que se juntaria ao trio em 1964, já tocava trompete e bateria aos 14 anos. No mínimo inusitado. Ainda bem que trocaram os instrumentos mais tarde... imagine a cena de Pete quebrando um banjo no chão?!
Mas não foi só isso... Pete também estudou na Ealing Art College onde foi incentivado a pensar no "como" e no "porquê" da criação artística e quais formas a arte poderia assumir. Também foi na escola de arte que Pete conheceu o blues, o rhythm and blues e o jazz moderno (bem como à maconha...), estilos que foram sendo incorporados à música do Detours. O nome da banda foi mudado quando descobriram que já havia outro Detours e a escolha ficou entre Hair (tenso...) e Who (ufa!). O próximo passo era conseguir um contrato de gravação.
Assim, fizeram uma audição para a Fontana Records que achou que a banda ficaria melhor com outro baterista (exatamente como aconteceu com os Beatles alguns anos antes... o que eles tem contra os bateristas?). E Keith entrou pro grupo. Além disso, a gravadora também sugeriu que o nome da banda fosse trocado para High Numbers, o que realmente aconteceu por um tempo, mas acabaram voltando para o Who.
Nessa altura do campeonato a galera já estava se entupindo de anfetaminas o que rendeu a fama de pessoas com temperamento explosivo e altamente propensas a discussões e brigas. Um episódio importante foi quando, durante um show, Pete bateu sem querer com o braço da guitarra no teto e o instrumento acabou quebrando; meio bravo porque ninguém na platéia esboçou qualquer tipo de reação - ninguém nem mesmo pareceu perceber que alguma coisa tinha acontecido -, Pete decidiu arrebentar a sua guitarra no chão (afinal essa era a coisa mais sensata a ser feita numa situação dessas... ãããããã, não). É... coisas geniais tem sempre duas possibilidades de surgimento: 1. são cópias melhoradas de alguma coisa que outra pessoa, sem muito 'sambalelê', já inventou, porém sem muito sucesso, 2. a mais pura, simples e descarada cagada. Neste caso, a opção número 2. Não demorou muito pra quase todos os integrantes começarem a destruir seus instrumentos no final do show... o que encarecia as coisas pro lado do Who (!!).

Os primeiros lançamentos da banda, tais como I Can´t Explain, não fizeram lá muito sucesso; até que surgiu My Generation, que consolidou a banda na InglaterraA música é considerada tanto um hard rock na vanguarda de seu tempo como, também, uma antecipação do movimento punk (Friedlander, 2013): o formato power trio (guitarra, baixo e bateria), as letras gritadas, guitarra distorcida junto com letras desafiadoras. O mercado americano - sonho de todas as banda -, no entanto, estava se mostrando difícil para o Who que galgava vagarosamente os degraus da fama nos EUA. Depois de diversas tentativas eles conseguiram fazer uma série de apresentações em concertos importantes no país e até participaram de um programa de televisão (The Smothers Brothers Comedy Hour), que terminou com uma explosão, um Pete Townshend temporariamente surdo e com o cabelo chamuscado, um Keith Moon com um fragmento de um prato de bateria encravado na perna e uma convidada do programa desmaiada (uhuuu!).

Assim como no caso dos Beatles, o Who começou a se interessar por ensinamentos místicos e coisas do gênero, o que inspirou Townshend (talvez um dos maiores compositores da história, porque não?) a escrever letras sobre o assunto. E foi aí que nasceu Tommy, álbum pioneiro do estilo Opera Rock. Isso mesmo, crianças, contar historinha em um disco. O álbum tem todo um significado simbólico bastante profundo (e viajado...). Ele teve uma excelente crítica e foi muito bem aceito tanto na Inglaterra quanto nos EUA (finalmente!). Depois de um tempo e de algumas frustrações criativas, o Who lança mais um álbum de sucesso, Who´s Next em 1971 - que contém 4 canções do Lifehouse (projeto semelhante a Tommy que não vingou), outras 3 do Townshend e My Life, de Entwistle. O Who ainda embarcou em mais uma tentativa de produzir um segundo Tommy com Quadrophenia, que alcançou o segundo lugar nas paradas em 1973 e teve, ainda, uma versão cinematográfica seis anos depois - que não teve muita repercussão. Pouco depois, em 1978, é lançado Who Are You, onde a banda questiona a relevância dos chamados 'dinossauros do rock' numa época em que o punk e o Heavy Meral floresciam. O lançamento do álbum, no entanto, foi ofuscado pela morte de Moon por overdose de medicamentos. A banda continuou capengando até 1983, quando Townshend, sentindo-se incapaz de produzir artisticamente, declara a sua saída e o consequente fim da banda.

Pois é, você também pensa que deveria ter nascido entre as décadas de 1950 e 1960? E quem disse que o mundo é justo? Mas ainda existe uma luzinha tênue lá no fim do túnel: a banda, ou o que sobrou dela, anunciou no ano passado que pretende fazer uma turnê de despedida (uma segunda turnê de despedida, na verdade) em 2015. É torcer pra eles se lembrarem do Brasil.

Bibliografia:
Friedlander, P. Rock and Roll: uma história social. 8a ed. São Paulo: Record, 2013.

Visite também: www.ogritodorock.blogspot.com.br

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