Já ouviu falar em um importante movimento artístico que deu seu ar da graça na década de 1960: o Tropicalismo? Ele contava com nomes de peso como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão, Rogério Duarte, a banda Os Mutantes, o maestro Rogério Duprat e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto.
A Tropicália impulsionou a modernização da música brasileira (há quem diga que da própria cultura brasileira, mas talvez essa seja uma afirmação meio exagerada...) incorporando elementos tradicionais da Bossa Nova à psicodelia, à guitarra elétrica e ao próprio Rock n´ Roll.O marco inicial do movimento foi o Festival de Música Popular Brasileira em 1967 (existe um livro e um documentário fantásticos sobre esse festival, vale muito a pena ver! O nome, se não me engano, é algo parecido com Uma Noite em 1967), onde Caetano Veloso interpretou a música Alegria, alegria - que levou o 4o lugar no festival - e Gilberto Gil, ao lado dos Mutantes, a música Domingo no Parque - que ficou na vice posição. No ano seguinte, é lançado o disco Tropicália ou Panis et Circensis, que ficaria conhecido como um verdadeiro manifesto do grupo. Como era de se esperar, o movimento bem como seus participantes, foram perseguidos pelos órgãos ditatoriais da época (os famosos DOPS e DOI-COD) tendo alguns de seus principais expoentes presos ou exilados do país - o que contribuiu para o fim precoce da coisa (o Tropicalismo durou apenas 1 ano).
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Gilberto Gil no Festival de 1967 |
A antropofagia, a pop-art e o concretismo estão entre as maiores influências da Tropicália. A primeira, basicamente, está na absorção de diferentes influências estrangeiras que eram assimiladas e reconstruídas a partir da inserção de elementos da cultura popular, constituindo uma arte mais brasileira; obras de Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral se destacam como influências do movimento. Já a pop-art contribuiu com discussões e temas trabalhados por artistas pop, como Andy Warhol (artista plástico americano), por exemplo. Os jogos linguísticos e de palavras constituíram a presença do concretismo, principalmente, da poesia concreta.
Poucos sabem, mas o Tropicalismo rendeu um programa na extinta TV Tupi que ia ao ar, ao vivo, nas segundas-feiras à noite. O programa, comandado por Gil e Caetano, chamava-se "Divino, Maravilhoso" e escandalizou a ala conservadora da audiência ao mostrar, logo em sua estreia, Caetano plantando bananeira e Gil dançando e rodopiando no palco (isso deve ter sido muito engraçado!). Além disso, a primeira edição teve a participação dos Mutantes que, na segunda canção, trocaram os instrumentos por uma bateria feita de latas (bem sensato).
A Tropicália chegou ao fim durante um show em 1969 na boate Sucata, RJ, onde foi hasteada uma bandeira nacional com os dizeres "Seja marginal, seja heroi!" junto a uma foto de um conhecido traficante da época, Cara-de-Cavalo, que havia sido assassinado pela polícia. Além disso, os militares alegaram que durante a execução do Hino Nacional Caetano teria incluído frases ofensivas às Forças Armadas. E aí, já sabem o que deve ter acontecido, não? Caetano e Gil, que também participava da apresentação, foram presos e depois exilados - não sem antes conseguirem permissão para fazer um show de despedida (Show Barra 69)… vai entender… “Vocês serão exilados do país!”, “Sim, mas antes podemos fazer um show de despedida?”, “Aaaaa… claro, porque não!”.
Mas e o rock? Rooooooque!
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Os Mutantes! |
Bom, o rock aparece nas figuras de Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee, formação original de Os Mutantes. Tá, e daí? E daí que o grupo foi o pioneiro a mesclar o Rock n´ Roll (com grande influência das músicas dos Beatles) com elementos da cultura brasileira (quase 25 anos antes de Angra e Sepultura fazerem o mesmo...!). A banda, nascida em 1966, se aproximou do movimento Tropicalista através da figura do maestro Rogério Duprat que sugeriu a Gil convocar o grupo como banda de apoio para gravação de algumas canções. O cantor e compositor gostou tanto do resultado - apesar da banda não saber ler as partituras - que eles acabaram por participar da gravação do álbum símbolo do movimento (Tropicália ou Panis et Circensis).
Nossa intenção não é esgotar o assunto - que, por sinal, tem muito mais história -, mas dar uma pequena pincelada e instigar você, querido leitor, a pesquisar e conhecer mais sobre a música e arte brasileiras. E para aguçar ainda mais seu "paladar auditivo" (ahn?) aqui vai um vídeo do músico campineiro Ding Dong e do DJ Dumbo fazendo uma versão da música Batmacumba.
Por hoje é só pessoal…!
Saudades dos posts da Flávia....kd vc?
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